Começou nesta quarta-feira (22), em Charqueadas, o primeiro julgamento do caso Ronei Jr, jovem de 17 anos que foi espancado na frente do pai e morreu em agosto de 2015. Três dos nove réus são julgados pelo Conselho de Sentença do Tribunal do Júri da Comarca. Outros seis acusados serão julgados no mês de julho (4/7 e 11/7).
"Meu filho foi julgado, sentenciado e executado numa calçada. Não foi dado chance”, afirmou o pai de Ronei, que testemunhou no primeiro dia do júri. Ele lembrou os acontecimentos de 1° de agosto de 2015. Na noite anterior, ele levou o filho, que tinha 17 anos na época, até o Clube Tiradentes, no Centro da cidade.
O jovem ajudaria nos preparativos da festa realizada naquela noite, com o objetivo de angariar recursos para a formatura dele, no final do ano. O pai também retornou ao clube para buscar Ronei, por volta das 5h. O menino pediu que ele aguardasse uns minutos e também que desse uma carona para Richard e Francielle.
Enquanto aguardava o trio, Ronei não percebeu nenhuma movimentação diferente na frente do clube. Ele saiu do carro e foi ao encontro do filho e dos amigos dele. Foi quando aconteceu o primeiro ataque de um grupo de jovens. “Ouvi barulho de batidas de garrafas, de vidros, minha porta foi empurrada, mas eu consegui entrar no carro.” Ele estima que fossem em torno de 15 agressores. “Fomos atacados pelas costas.”
As agressões se intensificaram, o veículo foi cercado e Ronei saiu para socorrer os adolescentes. Ele também foi atingido por garrafadas na cabeça e golpes nas costas. “Era uma gangue linchando quatro pessoas”, disse o pai.
Segundo a vítima, quando conseguiram entrar no carro e fugir, ele perguntou se estavam todos presentes. “Ouvi meu filho dizer 'pai, eu tô cortado'.” Ronei seguiu às pressas em direção ao hospital. O menino tinha cortes na região do rosto e da cabeça. Richard e Francielle foram atendidos em outra sala.
No hospital, Ronei Jr segurou a mão do pai e perguntou se ele não estava machucado. “Foi a última frase do meu filho que, antes de perder a consciência, ainda perguntou se eu estava bem.”
O estado de saúde se agravou e ele foi transferido para a Santa Casa de Misericórdia, em Porto Alegre. “Uma médica disse que estavam tentando salvar a vida dele. Mas que, se conseguissem, o filho que conhecíamos não seria mais o mesmo. É duro dizer isso. Mas arrebentaram a cabeça do meu filho", lamentou o pai.
Sobre os agressores, Ronei disse que muitos deles conviveram com o filho. "Um deles, Jhonata (que será julgado em 11/7) era mais próximo. Talvez tenha entrado na minha casa muitas vezes, em algum aniversário", lembrou. O motivo das agressões, segundo Ronei, seria porque Richard morava em São Jerônimo e namorava Francielle, que era de Charqueadas.
Filho único, Jr estudava de manhã e fazia curso pré-vestibular. "Ele era o centro da nossa família", afirmou, emocionado. Quase sete anos depois, Ronei disse que nunca mais passou na frente do local onde ocorreu o crime. Ele e a família não vivem mais em Charqueadas. "É inaceitável o perdão."
Júri – 4/7
* Alisson Barbosa Cavalheiro
* Geovani Silva de Souza
* Volnei Pereira de Araújo
Júri – 11/7
* Cristian Silveira Sampaio
* Jhonata Paulino da Silva Hammes
* Matheus Simão Alves