Para quem achava que o pior da onda de calor já havia passado, um aviso: os próximos dias serão escaldantes em todo o Rio Grande do Sul. A MetSul Meteorologia alerta para um calorão excepcional durante o fim de semana com a intensificação de uma massa de ar extremamente quente e persistente. Por isso, para quem não estiver nas praias, lagoas ou rios, a piscina ou até mesmo o banho de mangueira podem ser os melhores aliados.
As máximas previstas para esta sexta-feira (21) e para o fim de semana vão ficar cerca de 10°C ou mais acima das médias históricas do mês de janeiro. "Trata-se de um desvio incomum e que somente se observa nesta época do ano", observa a meteorologista Estael Sias, adiantando que a temperatura em algumas cidades deve atingir marcas inéditas. "Pela excepcionalidade do calor previsto, que trará máximas sem precedentes em várias décadas e talvez até um século", resume.
Região em ebulição
No Vale do Sinos, as máximas devem alcançar os 40°C hoje, 41°C no sábado, entre 40°C a 42°C no domingo e novamente em torno de 40°C na segunda. Em Campo Bom, é possível que a máxima fique perto ou encoste no recorde mensal de máxima para janeiro, de 41,6°C, registrado em 10 de janeiro de 2006. O recorde absoluto, desde o começo das medições em 1984, de 41,9°C em 16 de novembro de 1985, é mais difícil de ser alcançado.
Marcas históricas
A onda de calor que entra no seu décimo dia e já derrubou recordes e estabeleceu marcas históricas entra no seu período de maior intensidade. Conforme a MetSul, o recorde oficial de temperatura já registrada no Rio Grande do Sul pode ser ameaçado. A marca é de 42,6°C, observada em Alegrete no dia 19 de janeiro de 1917 e em Jaguarão em 1º de janeiro de 1943.
Estações meteorológicas particulares no interior gaúcho, em particular no Noroeste, têm há dias indicado máximas de 44°C, entretanto, somente temperatura observada oficialmente em equipamentos do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) são computadas para fins de recorde na climatologia histórica.
Na quinta-feira (20), segundo o Inmet, Uruguaiana chegou a tórridos 42,1°C. Segundo o instituto, desde 27 de janeiro de 1986 o Rio Grande do Sul não tinha temperatura acima dos 42°C. Balanço da MetSul aponta que várias estações já atingiram recordes e marcas históricas durante esta onda de calor.
Porto Alegre, que possui dados desde 1910, anotou no último domingo (16) uma máxima de 40,3°C. Foi a quarta maior máxima oficial na cidade em 112 anos de observações e apenas a terceira vez no último meio século, desde que os registros passaram a ser feitos no Jardim Botânico, em que a capital gaúcha registrou máxima acima de 40ºC. O recorde é de 40,7ºC de 1º de janeiro de 1943, que, por pouco, não foi igualado em 6 de fevereiro de 2014, quando os termômetros marcaram 40,6°C.
A onda de calor não é apenas muito intensa, é também bastante prolongada. A explicação, segundo a MetSul, está em um fenômeno denominado de domo ou cúpula de calor. O verão significa clima quente – às vezes perigosamente quente – e ondas de calor extremas se tornaram mais frequentes nas últimas décadas por conta das mudanças climáticas. Às vezes, o calor escaldante fica aprisionado no que é chamado de cúpula de calor.
Entenda mais na imagem abaixo:
O que sobressai na atual onda de calor intensificada pelo fenômeno é sua força, extensão e duração. Na Argentina, onde o ar quente foi mais abrangente na semana passada, esta sexta-feira será o 12º dia seguido com máximas acima de 40°C. Buenos Aires teve duas das três mais altas máximas de sua história de 116 anos de dados computados somente na semana passada. E o Rio Grande do Sul enfrenta a mesma situação.
"Não acaba tão cedo", diz a meteorologista Estael Sias. O calor deve até ceder em quase todo o Rio Grande do Sul no começo da próxima semana, com mais nuvens e instabilidade, contudo, ao menos até terça ou quarta-feira (26) o calor seguirá intenso. Os dados apontam a possibilidade de na quarta uma frente fria avançar pelo RS com chuva e temporais, rompendo com o bloqueio atmosférico da onda e trazendo o tão esperado alívio.
O alto risco de temporais isolados neste período de calor excepcional até o começo da semana que vem permanece. São ocorrências muito pontuais, localizadas, mas que podem trazer estragos e transtornos por chuva excessiva em curto período, fortes vendavais e queda de granizo. "O calor excessivo aumenta não apenas a probabilidade de tempestades isoladas, como agrava o risco de que sejam muito fortes ou severas", adverte Estael.