Luiz Coronel é poeta
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1. Amigos deste fértil Vale dos Sinos: a esquerda bate a tecla de distribuição da renda. Centro e direita propagam a política de crescimento econômico. E parece que ambas as partes não percebem que não se trata de projetos excludentes, mas de metas que deveriam ser unitárias e simultâneas.
2. Quando os números dizem “não”, todo discurso é capenga. Tivesse o governo petista & Cia. Ltda. alcançado altos índices de desenvolvimento econômico, estaria nadando em águas doces. O impeachment da ex-presidente Dilma e a recessão econômica andaram de mãos dadas. Caminharam de olhos vendados para o cadafalso.
3. Ele falou e disse. Um dos mais férteis pensadores contemporâneos, cultuado pela esquerda mundo afora, o linguista Noam Chomsky, jogou a bola no fundo das redes: “A esquerda deveria fazer uma autocrítica muito séria. Examinar o que deu errado e pensar em todas oportunidades desperdiçadas porque sucumbiu à maldição da corrupção e planejamentos falhos”.
4. Os salvadores da pátria. O que mais dificulta a reflexão e atitude política dos brasileiros é o “complexo de salvadores da pátria”. Minhas ideias hão de conduzir o País ao seu glorioso destino, dizem os do lado de lá, e os do lado de cá batem na mesma tecla. E quem estiver contra minhas ideias, para a esquerda, é um fascista. Para a direita, é um petralha, comuna. E assim o barco não vai. Quando se ama o conflito, o conflito não tem solução. Em casa dividida, cai o teto sobre os alicerces.
5. O desalento de uma pesquisa. Uma avaliação sobre o que sentem e pensam os brasileiros de nossos dias teve respostas desanimadoras. O grande temor é o desemprego. Um desapego, descrença no que se refere aos poderes e instituições republicanos, domina a pesquisa. A percepção da violência como uma calamidade e o pessimismo em relação ao futuro e à frágil esperança em relação às eleições de 2018 concluem o levantamento realizado pelo Datafolha. É o nosso retrato. Que seja provisório e substituível, almejamos.
6. A construção do amanhã. O único líder brasileiro vivo, o homem que engendrou jogos olímpicos e estádios de futebol, está numa pequena sala com direito a duas horas de sol. Precisamos de alguém que pacifique a nação brasileira. Nenhum maestro do mundo é competente para reger uma orquestra onde as partituras estejam caoticamente distribuídas. Que a batuta caia em mãos soberanas. Sem uma reformulação de nossa representatividade política, nada chegará a bom resultado. “Quem tem coragem acorda no futuro”, escreveu nosso Mario Quintana.